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CEFET-MG

Atividades on-line levam o CEFET-MG para fora de seus muros

Quinta-feira, 17 de junho de 2021

Projetos se reinventam com a pandemia e atraem pessoas de todo o país e do exterior

A comunicação e as linguagens têm conectado, ainda que de forma remota, as pessoas. Por isso, iniciativas fomentadas pelo CEFET-MG na pandemia têm buscado extrapolar os limites da língua e amenizar os efeitos do distanciamento social. Inclusão pelo idioma Um idioma diferente pode dificultar a convivência entre as pessoas, mas também ser uma oportunidade para acolher e integrar essas diferenças. Nessa perspectiva, a Secretaria de Relações Internacionais (SRI) e o Departamento de Linguagem e Tecnologia (Deltec) do CEFETMG atuam na oferta do programa de extensão “Português como Língua Estrangeira” (PLE).

Por meio dessa iniciativa, migrantes, apátridas, refugiados, portadores de visto humanitário e estudantes de outros países que desejam cursar o nível superior no Brasil vislumbram uma oportunidade. Mais do que ensino da língua portuguesa, busca formar cidadãos cientes dos seus direitos.

A pandemia interrompeu os encontros presenciais, mas foi uma oportunidade para o programa ter ainda mais alcance, por meio, por exemplo, do “Projeto de Conversação em Português”. Em 2020, todas as semanas, 20 a 30 estrangeiros do Haiti, Síria, Emirados Árabes e Honduras, por exemplo, conectavam-se para conversar sobre diferenças culturais entre seus países e o Brasil (festas e celebrações, sistema de ensino, culinária, música).

“Chegamos a ter participação de moradores de outros estados, que ficaram sabendo por familiares que estudam no CEFET-MG. Tivemos casos de alunos participando do bate-papo de dentro do ônibus ou caminhando do serviço para casa. Além disso, percebemos um crescimento na participação de mulheres, que, às vezes, assistiam junto com o marido, no mesmo celular, e foram aos poucos se juntando ao grupo”, afirma a professora Fernanda Dusse, que coordena, ao lado da professora Patrícia Tanuri, o projeto de conversação em português.

Aprendizado multilíngue

Ainda na perspectiva de estabelecer pontes, e não muros, entre os países pela linguagem, acontece também na Instituição o English Club, coordenado pelos professores Luciana Azeredo (campus Nova Suíça), Cândido Oliveira (Contagem) e Eduardo Fontes (Varginha). A cada encontro, o projeto recebe um convidado e aborda um tema em língua inglesa. O objetivo, segundo Luciana, é criar um momento de aprendizado da fala e audição em inglês, de forma descontraída. Os temas vão desde música e culinária a intercâmbio e trabalho no exterior.

Hoje, cerca de 20 a 30 pessoas participam de cada encontro. O projeto surgiu em 2019 e, desde abril de 2020, ocorre por videoconferência. “O projeto cresceu e se solidificou no ensino remoto e, hoje, abarca mais campi por ser on-line. Antes, ele atendia apenas BH e raramente tínhamos participantes externos”, conta a professora Luciana. “Os próprios participantes têm pedido que continuemos on-line após o retorno presencial”.

Uma das participantes que aprovou a nova forma de oferta foi a estudante de Letras do CEFET-MG Alicia Teodoro. Ela mora em Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte, e, às vezes, não conseguia se organizar para as atividades. Mesmo sentindo falta do contato com as pessoas, ela afirma que o formato remoto facilitou a participação. “Pude trazer amigos para participarem também, já que eles não podiam ir ao CEFET-MG quando os encontros eram presenciais”, diz Alícia. Hoje ela já percebe melhora na compreensão auditiva e no vocabulário. “Sinto mais confiança em mim mesma para conversar em inglês”.

Leitura estrangeira que conecta

Ao pensar em literatura ou cinema, alguns títulos são bastante familiares. Clássicos das telonas, como “Azul é a cor mais quente” (2013), “O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001)” e das páginas impressas, “Os miseráveis” (1862), “Os três mosqueteiros” (1844), têm algo em comum: são obras originalmente francesas. Já imaginou se aventurar por elas no idioma de origem e reconhecer palavras e expressões francófonas? Esse é um dos objetivos do “Leitorado Francês” do CEFET-MG.

A ação busca desenvolver as competências em francês dos estudantes e aprimorar suas chances de inserção no ambiente acadêmico e no cotidiano de países francófonos. Também busca incluir servidores e funcionários terceirizados para acolherem e interagirem com alunos de países de língua francófona, segundo a professora leitora Nina Layotte (França), que, ao lado de Brice Agossa (Benim), assume as atividades do projeto.

Criado em 2018, parceria entre a Embaixada da França e a Secretaria de Relações Internacionais (SRI), o projeto foi institucionalizado e, desde o 1º semestre de 2020, tornou-se um “Programa de Leitorado” do CEFET-MG. Atualmente, mais de 270 alunos participam das turmas, que são divididas segundo o perfil e os objetivos dos estudantes.

O programa está na sexta edição e, em 2021, abriu vagas à comunidade externa. Alunos do Ensino Fundamental II (7º ao 9º ano) e do Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) das Escolas Estaduais Maurício Murgel, Professor Leon Renault e Ordem e Progresso, em Belo Horizonte, têm marcado presença.

Stéfany Ferreira de Souza, do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Maurício Murgel, está entre esses estudantes. “O curso de francês superou minhas expectativas. Os encontros são feitos uma vez por semana e são ótimos, eu consigo entender muito bem o que é explicado durante as aulas e gosto muito da interação da professora e dos colegas”, destaca.

Ela, que está tendo seu primeiro contato com o novo idioma, descobriu essa paixão por línguas estrangeiras durante a pandemia. Entusiasmada, ela recomenda o curso a colegas. “Faz você se apaixonar pela língua francesa e querer aprender cada vez mais sobre ela. A professora é espetacular e ensina muito bem, as aulas são divertidas e, ao mesmo tempo, possuem muitos conteúdos importantes”, termina.

Linguagem e programação

O conhecimento tecnológico produzido no CEFET-MG sempre impactou diretamente a vida das pessoas na sociedade. Um exemplo disso é o “Enxurrada de Bits”, do Departamento de Computação do campus Nova Gameleira (Belo Horizonte). Iniciado em 2015, oferta curso de programação a alunos de escolas públicas. Hoje, é coordenado pelos professores Sandro Dias e Ramon Lopes e reúne 27 estudantes da graduação e do ensino técnico, que atuam como instrutores e monitores.

No primeiro semestre de 2021, oferta os cursos “Introdução à Robótica”, “Introdução à Programação Web”, “Informática Básica” e “Desenvolvimento de Jogos em Python”. No total, 450 pessoas participam dos cursos, que são divididos em turmas por idade, variando de 10 a 18 anos, e em uma turma para professores. Todos os participantes são de escolas públicas.

O coordenador Sandro Dias explica que o curso enfrentou alguns desafios na adaptação para o on-line. “Nas turmas de robótica, não temos as práticas reais com os componentes eletrônicos, o que dificulta o entendimento dos alunos, apesar de usarmos um simulador on-line”, explica. “Em Programação Web, enfrentamos principalmente o desafio da presença em aulas, visto que a conexão à internet não funciona muito bem para todos os alunos. Assim, as monitorias foram intensificadas para os alunos tirarem as dúvidas que eram respondidas em sala quando era o curso era presencial”.

Ainda assim, os cursos conseguiram intensificar um de seus objetivos: agora, o conhecimento chega a pessoas espalhadas por todo o Brasil. “No segundo semestre de 2020 e no primeiro de 2021, tivemos inscrições de mais de 300 cidades diferentes, de 15 estados”, detalha Sandro.

Luan Avelar, morador de Betim, de 18 anos, conheceu o curso antes da pandemia. Seu professor de Física, na Escola Estadual Professor Osvaldo Franco, informou os estudantes da oferta de cursos pelo CEFET-MG. Luan, que já tinha interesse na área, inscreveu-se nas atividades de “Programação Web”. “Sou apaixonado com essa área: a sensação de quando você termina um projeto, por mais simples que ele seja, é muito boa”. Agora, em 2021, Luan cursa “Desenvolvimento de Jogos em Python”. “Acho que para qualquer criança ou adolescente, ter o prazer de ver como se faz um jogo, e ele mesmo desenvolver um, é muito incrível”, conta.

Para Sandro Dias, levar esse conhecimento para além do CEFET-MG e entregar para a sociedade o que se produz na Instituição é muito importante. “Neste projeto levamos à comunidade cursos voltados para alunos e professores de escolas públicas. Este público é carente desse conhecimento, que é comum em instituições privadas e, portanto, esse recorte é relevante”, finaliza.

Essa matéria integra o Jornal Diagrama – março/abril 2021. Conheça a edição na íntegra.