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CEFET-MG

Informativo: Criação do Grupo de Estudos Críticos para as Relações Etnico-Raciais

Quinta-feira, 30 de abril de 2020

O CEFET-MG informa aos servidores e discentes a criação do Grupo de Estudos Críticos para as Relações Etnico-raciais (GECRE) certificado pelo Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil (DGP) e Conselho Nacinal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sob liderança do Professor Doutor João Xavier, o GECRE pretende discutir e explorar como a resistência intelectual ocorre não apenas através da oposição ao conteúdo intelectual do conhecimento dominante, mas também refletindo criticamente das próprias regras que são usadas para determinar o que conta como conhecimento científico no Brasil. Especificamente, pretendemos examinar as formas pelas quais esta epistemologia constitui um mecanismo tanto de opressão como de resistência intelectual. Para isto, refletiremos acerca do constructo de interseccionalidade, opressão epistêmica e resistência (COLLINS, 2020), alinhavados as perspectivas críticas e decoloniais (PENNYCOOK e MAKONI, 2019; PENNYCOOK, 2018; FREIRE, 1996), para podermos examinar esta tensão experienciado por nós, Docentes do Ensino Básico e Técnico e estudantes dos cursos técnicos e integrados.

Nessa perspectiva, a partir das relações étnico-raciais no Brasil e no exterior, embasaremos nossas discussões e propostas ancorados nos construtos teórico-metodológicos da Linguística Aplicada Crítica e em diálogos com outros campos de investigação acadêmico-científica. Para Collins (2020, p. 2), a interseccionalidade é “um projeto de conhecimento resistente que engloba os múltiplos projetos de conhecimento dos movimentos sociais por justiça racial, econômica, de gênero e sexual”. A concepção de criticidade sobre a qual nos apoiaremos está em consonância com Freire no livro Pedagogia do Oprimido: “A luta pela humanização, pela emancipação do trabalho, pela superação da alienação, pela afirmação do ser humano e das pessoas” (FREIRE, 1996, p. 26). Afinal, parece que Freire ainda está atualizado, embora as suas teorias possam ser ainda mais compreendidas, (re)significadas e aprofundadas a partir dos nossos loci de ensino, de formação e de pesquisa para as relações étnico-raciais. Quando a interseccionalidade e as perspectivas críticas e/ou decoloniais forem incorporadas aos nossos espaços acadêmicos, encontraremos um conjunto distinto de desafios epistemológicos relativos à sua legitimidade como perspectiva analítica crítica sobre a desigualdade social. Assim, visamos a analisar criticamente os discursos presentes na sociedade brasileira e que (inter-)faceiam os nossos lócus de ensino, de formação e de pesquisas aplicadas e críticas para as relações étnico-raciais a fim de verificar como se dá (re)construção e a (re)constituição dessas identidades. Corroboramos a tese de que, no Brasil e na América do Sul, o discurso da harmonia étnico-racial mascara práticas discriminatórias e racistas seculares discursivas e sociais que (re)constroem identidades subalternas para os negros.

Para alcançar esses objetivos, visamos analisar, a partir de pesquisas realizadas: i) o pensamento basilar e as filosofias de pesquisadores negros da Linguística Aplicada Crítica sobre as línguas e culturas negras; ii) o papel da criticidade e da colonialidade na Educação para as relações étnico-raciais; iii) questões sobre a política racial para o ensino básico e seus impactos para as relações étnico-raciais. Para tanto, os conceitos de interseccionalidade, opressão epistêmica, resistência, representação social, identidades e ideologias a partir da perspectiva Linguística Aplicada Crítica em diálogo com a Antropologia, Educação (Linguística), Sociologia e Análise Crítica do Discurso serão abordados e discutidos neste grupo de estudos críticos e pesquisas. Acreditamos que as ponderações, alusões e reflexões críticas deste grupo poderão reificar a existência velada do racismo no Brasil e na América do Sul manifestado em discursos e práticas sociais que criam, naturalizam e cristalizam ideologias preconceituosas, utilizadas pela sociedade para sustentar identidades subalternas para negros e seus descendentes em vários campos, entre eles na escola e no trabalho, baseadas em uma agenda sindical e trabalhista rural acrítica e colonial (SILVA e MAKONI, 2020).

O grupo se pretende democrático e convida estudantes e professores que se interessam pela luta antirracista e as desigualdades raciais.

Para mais informações e saber como participar: Prof. João Xavier, Dr. – e-mail: joaoxavier@Cefetmg.br